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sábado, agosto 15, 2009

O Bosque Encantado

Antes de começar a história, informo que este texto já está registrado na Biblioteca Nacional.


Eu adoro contar histórias. Certa vez, a minha filha já um pouco cansada de "mais, mais", ou seja, contar novamente a mesma história, pediu que eu modificasse, acrescentasse, e então comecei a fazer continuações às tradicionais. Vamos lá!





"'Borboletas são tão belas o que seria delas se não pudessem voar?
O céu e as estrelas não poderiam vê-las passar
Lá fora eu vejo um mundo e sinto lá no fundo
que aqui não é o meu lugar
Eu sou pequenininha e fico aqui sozinha a sonhar
O meu coração me diz que ainda posso ser feliz
Voar para bem longe como eu sempre quis
Um dia eu tive a chance de ter ao meu alcance
o que fez transformar sonho em realidade, escuridão em brilho no olhar
Eu vi que na verdade a dor um dia pode ter fim
Achei a liberdade, ela tava dentro de mim
O meu coração me diz agora eu já sou feliz
Voei para bem longe como eu sempre quis... "
(Luciana Mello)


Numa manhã ensolarada, do início da primavera, os botões abriam-se em flores multicoloridas. As montanhas ganharam mais vida seja da vegetação abundante, seja dos novos pássaros, insetos e outros pequenos animaizinhos que estavam nascendo. Era uma vez um bosque encantado... que entre todos nascimentos que presenciou havia, num galho da frondosa árvore, um casulo a chocalhar ao leve sopro do vento. De repente, eis que surgem um par de asas azuis bordadas e enormes. Depois apareceu um delineado corpo de uma delicada borboleta.

Era Leticia. A borboleta mais linda que nasceu no Bosque Encantado. A sua voz aveludada e seus gestos encantaram todos que a admiravam. Mas... não havia nenhuma outra de sua espécie vivendo ali.

Um dia ela resolveu conversar com Dona Coruja, porque era conhecida por ser sábia, talvez pudesse sanar sua enorme dúvida:

- D. Coruja, por que aqui não tem nenhuma outra borboleta igual a mim?

- Leticia, eu já aguardava o dia que viria me consultar. Eu me lembro bem de quando aqui você chegou. Veio no bico de um pássaro que todo ano vem do sul. Era um ovinho pequenino, sua fase pré-larval, preso ali. Provavelmente ele beijou uma flor e ali você ficou presa. Ao tomar o néctar de outra flor, ele lhe deixou. Então virou uma larva, ou seja, uma lagarta, muito bonita por sinal. Depois a pupa, onde se desenvolveu dentro de uma crisálida (casulo). Então aí era o mistério, ninguém saberia como você viria ao mundo. Deu-se a metamorfose dentro da crisálida dura e eis que você apareceu, imago, isto é, adulta.

- Nossa, eu não me lembro de nada disso...

- Querida, há colonias mas ao sul. Eu conheço uma magnífica, mas ao lado da grande cachoeira. Você deve se juntar ao grupo da migração que vai partir dentro de uns 5 dias. Ele sempre volta ao sul nesta época do ano. Vai na reunião, todos gostam muito de você e vão lhe apoiar.


Então Leticia (que significa alegria) foi assistir a reunião e falou do seu propósito, este foi abraçado por seus amigos.


Na volta para casa, feliz e descontraída, nem reparou que um belo rapaz chegou perto:

- Aonde vai a borboleta mais bela que já vi?!

Ela ficou muito sem graça e tomou conhecimento que se tratava do Príncipe das Borboletas.

- Heitor, pode assim me chamar.

Ela contou o que pensava fazer e ele deu todo apoio, aproveitando para contar que já foi até a grande cachoeira. Nos dias que se passaram Leticia tinha diariamente a companhia do galante Príncipe. E no dia da partida, houve uma festa de despedida de todos os que estiveram ali, para todos que talvez não mais voltassem.

- Eu irei lhe acompanhar. Não posso permitir que faça uma viagem dessa sem nenhum representante da nossa categoria para lhe proteger, embora todos sejamos amigos.

Ela concordou.

Voaram naquela manhã ensolarada, admirando as planícies, os vales, o verde, outras vidas. Era tudo maravilhoso e também novo. Assustador, pelo fato do mundo ser tão grande e intenso.

Após tantas horas de viagem, era aconselhável se recolherem. Se a viagem diurna já era um risco para todos os pequenos, noturna era ainda mais perigosa. Estavam todos próximos ao Reino do Príncipe das Borboletas, o mesmo ofereceu abrigo. Apenas Leticia foi até o Palácio para o jantar. Todos os presentes ficaram encantados com a doçura da bela borboleta. Após a janta, ouve dança, muita música.

No dia seguinte, todos já estavam pronto cedo, era horário propício para voltarem à viagem. Mais uma manhã ensolarada para dar mais graça aquela jornada. Após duas horas de voo, o líder do grupo adiantou-se e falou à Leticia:

- Daqui há 10 minutos o grupo vai se desviar para pegar carona na corrente de ar. Voces seguirão em frente, olhando sempre para aquela direção. Não temam, porque em breve vão ver a grande cachoeira à direita. Eu, em nome de todos os amigos, desejo boa sorte e que encontre sua família.

Neste momento, Leticia silenciosamente ficou feliz por não estar sozinha: "como viajaria sozinha de maneira segura, ainda bem que ele está ao meu lado" - pensou.

De repente o coração dela disparou! Nossa, cerca de 10 borboletinhas azuis tremeluziam perto dos olhos! Serão?!?! Serão?!?! Nãoooooooooo.... Elas eram bem diferentes, porém ao passarem perto puderam notar o olhar triste da borboleta e foram solícitas oferecendo ajuda.

- Ahhhh, voces podem ver daqui mesmo, ali, à direita está a cachoeira e a colonia azul intenso.

- Obrigada - ela agradeceu.

Agora não havia mais dúvidas, exceto se conseguiria encontrar seus familiares. O Príncipe notou que a Rainha vinha com seus soldados para recebê-los:

- O que trás a mais bela borboleta de nossa espécie para nos visitar?!

Cumprimentaram-se e o Príncipe se apresentou e contou abreviadamente o motivo. A Rainha pareceu aliviada, feliz, era algo muito estranho e bom ao mesmo tempo.

- Querida filha, todos pensaram que eu estava louca ao dizer que um dia teria minha filha de volta. Nunca me esqueci do dia que o pássaro saiu com você presa ao bico. Era impossível alcançá-lo. Coração de mãe... então, quero ver a cara de todos! Mas antes, receba a minha bênção.

Ao ser apresentada, para a surpresa de todos e orgulho da Rainha, estava certa a festa à noite para tal comemoração. Horas passaram e todos queriam muito ouvir sobre o Bosque Encantado e seus adoráveis moradores. De repente o Príncipe solicitou atenção:

- Eu sei que é muita emoção para uma noite apenas, mas já estou há alguns dias prestes a fazer a pergunta que está me acompanhando: Leticia, aceita casar-se comigo?!?!

Os olhos dela brilhavam de pura emoção, tanta coisa boa em tão pouco tempo. A resposta era sim. A Rainha estava exultante tamanha felicidade. Ela conhecia os pais do Príncipe e o mesmo desde pequeno. A festa para este casamente seria lembrada por muitas gerações.

Agora Leticia e Heitor tinham seus herdeiros, moravam no Reino dele, mas toda primavera iam com seus filhos visitar o Bosque Encantado, que agora ganhou mais visitantes, assim... azuis intensos como o céu que nos protege.

E, claro, todos foram felizes para sempre.


(por Sissym)
Antes de começar a história, informo que este texto já está registrado na Biblioteca Nacional.

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16 comentários:

Anônimo disse...

Não é qualquer moleca que escrevie isto.
Parabéns!
Bjs.

RobMaia disse...

Sissy, parabéns. Bela história infantil, com todos os requisitos do gênero, acrescida ainda de uma boa dose de informações e palavras novas que, certamente, despertam, nas crianças, curiosidade e interesse em aprender. Então, além de bela e bem escrita, é didática. Valeu mesmo. Muito obrigado por me convidar para essa deliciosa leitura. Abraços.

LISON disse...

Saudações!
Amiga Sissym,
Um texto muito especial, de profundo amor, você trabalhou ligando em cadencia os personagens, razão do encanto. A narrativa e de rara beleza sem contar que o todo é multicolorido de alegrias e Paz!
Parabéns pelo magnífico Post!
Abraços!Lison.

BLOGZOOM disse...

Que delícia... porque o tempo todo que narro para minha filha eu conto quase ao sussurro pensando justamente na paz!

Unknown disse...

Linda!! Encantei-me.
Vou tomar a liberdade de copiar para a minha filha mais nova, ela vai adorar!
Beijos
Luísa

Sonia Regly disse...

Sissym,
Adorei essa história,vc pode escrever histórias infantis.Têm todo o jeitinho,vai dar IBOPE!!!!Parabéns,gostei e vou repassar. A Giovanna adora historinhas.Beijos

Sonia Regly disse...

Você têm muitos talentos e é uma pessoa tão simples. Continue assim!! Deus vai te honrar e abençoar.Beijos

Игорь disse...

:)

Sabes escrever pra crianças !

Um beijo

Anônimo disse...

Sissy, é muito bom criar histórias, mesmo que modificando as já existentes. São momentos em que nos vemos distantes de tudo e podemos até voar.
Não sou muito boa em histórias infantis. Sou mais para modificar a realidade, talvez a minha realidade, dar umas cores diferentes.
Aprecio muito que tem dom para as letras para os miúdos, pois eles se deliciam com essas histórias fantásticas, como a sua.

Beijos e ótimas inspirações pra você!

Anônimo disse...

Ah, esqueci de dizer, quem sabe agora, depois de ler a sua história, eu aprendo a gostar de borboletas...

Anônimo disse...

Lindo texto, parabéns! Você tem realmente um talento admirável.
abraço e Paz.

Ernani Netto disse...

Adorei!

Quem me dera ter tamanha criatividade e beleza ao escrever!

Bjaum

Rita disse...

Adorei Sissym! Tem tudo na medida certa para encantar tanto os pequeninos, quanto os adultos que conseguem também sentir toda a linda magia que há na natureza.


Querida, eu estava fora e, só por isso não vi antes. Mas aqui estou e saiba que amei viu? ;)

Parabéns! Bjus

Craig disse...

Sissy my darling, I was totally enchanted by your story and am now ready for bed too. No matter how old I get, I always love a good fairy tale! You are my favorite story teller. Love, Craig

Débora Francischini disse...

Ei... Nossa!!! Já adoro suas poesias!! E o que leio aqui! Fique maravilhada!! Sissym, que tal um livro infantil? Tem que publicar! Eu trabalhei dois anos como contadora de histórias numa biblioteca infantil, e essa sua história é deliciosa de se ler.
Beijo querida e parabéns por esse Dom maravilhoso.

BLOGZOOM disse...

@Débora Francis: Houve um tempo, querida Debora, que Laura queria que eu contasse estorias para ela dormir e então resolvi criar as minhas ou fazer continuações de outras. Esta é uma delas. Detalhe: tem um ritmo para contar e enfeitiçar a cair no sono. kkkkkk

Beijos