- Sissi, Imperatriz da Áustria: venha a-qui!
- Sissi, Empress of Austria: come here!
... e era tão simples de se notar ...
Magic in the air...
- Sissi, Imperatriz da Áustria: venha a-qui!
Eu sempre fui uma santa qualificada.
Conceito analisado pelas meninas-más da escola que diziam para mim:
- Vai virar "santinha"...
Elas não sabiam que eu já tinha asas.
O problema crucial é que eu tinha uma energia extra. Tipo a Duracell, a pilha que dura! Genuinamente extrapolada, estado vital de um espírito jovial e transcendente.
Não se preocupem, não recebia palmadas (constantemente). Isto é, nem sempre. É bom ser honesta. Aliás, nunca na minha vida pensei em denunciar meus pais por levar algumas palmadas! Se isso aconteceu é porque eu mereci 5% das vezes. Só isso, ou até menos...
Eu vivia completamente atômica e deixava minha mãe atônita.
O meu pai adorava. Especialmente quando eu virava bananeiras após o almoço. Um dia ele se explicou ao falecido tio Carlson Gracie:
- Faz bem, as vitaminas vão direto para o cérebro. Por isso só tira notas boas!
Como era a mais velha, era obrigada a servir de exemplo, mesmo quando o mal exemplo tinha dois anos e meio a menos do que eu. É o inconveniente de ser a primogênita.
"Cada cidadão deve ter a convicção de poder fazer tudo o que não contraria as leis,
sem temer outro inconveniente além daquele que pode resultar da ação da mesma."
Cesare Beccaria
Eu morava numa casa consideravelmente grande. Da porta dos fundos até a frente da casa, onde normalmente eu brincava de atividades criativas, haviam inúmeros metros. Ela retumbava na sua voz de propósitos firmes - isso quer dizer, que até hoje eu me lembro de minha mãe me chamando imperiosamente:
- Sissi, Imperatriz da Áustria: venha a-qui!
Era uma ordem, um ultimato.
E lá ia eu, pensativa (
- o que é que eu fiz desta vez?!) e chateada por ela permitir que a vizinhança orelhuda soubesse da minha identidade secreta: a minha nobre realeza. Seguia de nariz em pé, calada, resiliente e pronta para ouvir palavras que não condiziam com a minha natureza simplesmente travessa:
- Ouviu? Entendeu? - me questionava.
Nunca quebrei nada... nem copos! Era extremamente organizada e concentrada. Apenas, andava pelos muros, pelos telhados e pelos galhos das árvores. Este seria um dos problemas?!
Sim, ouvi, entendi, compreendi, registrei, virei as costas e continuei a ser o que já era: uma nobre Fada. É por isso que tudo era indiscutivelmente sobrenatural ao meu redor. E assim, deixava meus pais pasmos mesmo! Vivia flutuando no mundo da imaginação!
E a dúvida que me restou, carreguei até a fase adulta, a designação de Imperatriz. Morri de medo que ela fosse muito feia ou tivesse sido degolada numa guilhotina ou qualquer coisa tenebrosa pertencente à historia do mundo. Até que enfim, um dia, ufa... fiquei mais tranquila: assisti os filmes sobre Sissi, protagonizados por uma bela, talentosa e trágica atriz austríaca. Menos mal ...
Neste mundo virtual, conheci pessoalmente
Jorge Fortunato, que... afff... me chama (in)justamente de "
Sissi, a Imperatriz da Austria". Eu acho que ele andou trocando idéias com minha mãe e jurou, como um nobre cavaleiro, nunca deixar este legado desaparecer da face da terra.
Interpretando fotografia:
Esquerda: Eu, a Imperatriz da Austria - 5%
Centro: A mãe da Imperatriz da Austria - 75%
Direita: A irmã da Imperatriz da Austria - 20 %
Obs.: 75% das mães não desanuviam nem o céu nem o espírito das coisas